"Rainha da Fé, Senhora do Lar
Deusa do Templo, do Fogo a queimar!
Héstia, vem me ungir;
Héstia, faz-me discernir.
Héstia, quero servir e como vela me consumir!"
Héstia foi a primeira filha de Chronos e Réia, portanto irmã mais velha de Zeus. Rege o Fogo Sagrado. Como Ártemis e Athena, optou por manter-se virgem. O Fogo de Héstia simboliza a chama que arde no coração dos homens; a vida, o amor à vida; a vida pelo amor. É o símbolo da pureza, da força e Conhecimentos Ancestrais; do respeito ao passado que forma cada um de nós. É ao redor dele e de seu calor que, à noite, a família se reúne e, por mais modesto que seja o alimento servido, todos têm nele a possibilidade de um novo dia possível. É símbolo da família. A chama que torna possível os laços de união. A única preocupação da Deusa era manter os corações dos homens aquecidos. Alimentá-los com o leite de afeto e da humanidade.
Héstia também simboliza a continuidade e preservação das tradições, do saber ancestral. É o símbolo do renascimento dos Antigos Cultos. De todos os Deuses e Deusas, Héstia era aquela a quem os homens mais amavam e respeitavam, disse Homero. É uma Deusa humilde, simples e modesta. Somente para Ela havia um Altar em cada casa; a lareira. Ali ardia uma chama sempre acesa. Os homens pediam para que Ela abençoasse o alimento antes das refeições e lhe prestavam homenagens ao terminá-la. Para Ela havia sempre uma parte nos Sacrifícios, mesmo que este se dirigisse a um outro Deus; e era Dela toda a gordura do Sacrifício. Como Deusa da família Héstia amava a todas as crianças e as protegiam. Quando estas cresciam, casavam-se e mudavam de casa, levavam consigo uma parte da chama paternal para abençoar e iluminar a nova residência. Dessa forma a chama podia manter-se acesa durante anos, décadas, séculos e até mesmo (por que não?) milênios. No centro de cada cidade havia um prédio público chamado de Pritaneu. No centro do pritaneu, um enorme átrio tinha no seu centro um Altar dedicado à Deusa, e sobre este Altar uma chama em honra à Deusa, o povo pedia para que Ela protegesse a todos que moravam lá. Havia homens dispostos a morrer para não deixar que a chama se extinguisse. Sempre que novas expedições saíam com objetivo de fundar novas aldeias levava consigo um pouco da chama do pritaneu para que assim a cidade a ser fundada fosse abençoada pelas graças da Deusa. Era o símbolo de amizade e Xênia entre as cidades.
Hino Homérico XXIX - dedicado a Héstia
Héstia, nas Altas Moradas de Tudo,
tanto dos Deuses Imortais, quanto dos homens
que caminham na terra, recebeste uma estada
permanente e a mais alta honra: gloriosa é
sua porção e seu direito. Pois sem você os
mortais não fazem banquetes, onde a gente
não devidamente verter uma oferta a Héstia
tanto o primeiro quanto o último.
Nenhum lar, nenhum Templo ficava santificado sem a presença de Héstia. Era tanto uma presença espiritual como um Fogo Sagrado que proporcionava iluminação, calor e aquecimento para o alimento. Não foi representada em forma humana, mas sim pela chama viva no centro do lar, do templo, da cidade, sendo seu símbolo um círculo, pois suas primeiras lareiras eram redondas, assim como seus Templos. Sua presença era sempre solicitada nos acontecimentos importantes da vida grega, segundo Homero, sem o Fogo Sagrado de Héstia não haveria festas para a humanidade pois ninguém poderia iniciar o primeiro e o derradeiro gole do vinho doce como mel sem uma oferenda à Deusa da Lareira. Quando os valores da Deusa são esquecidos e desonrados, a importância do Santuário Interior, da interiorização para encontrar significado e paz, e da família como santuário e fonte de calor ficam diminuídos ou são perdidos. Além disso, o sentimento de uma ligação básica com os outros desaparece, como desaparece também a necessidade dos cidadãos de uma cidade, país ou terra se ligarem por um elo espiritual comum.