Dentro do Calendário das Celebrações Dionísiacas, Grande Dionísas, ou Dionísias Urbanas são as mais novas dentre as Festividades. Instituídas por Psístrato em Atenas, no século V a.C., em oposição à sua recente instituição, elas eram de grande importância para o desenvolvimento cultural da pólis, pois era durante esse período que aconteciam os grandes festivais de comédia e tragédia, onde Dioniso era honrado. Não só durante essa festividades aconteciam as apresentações teatrais, mas era durante esse período que os agons mais importantes aconteciam, dentro desse contexto.
Conforme explica Kerényi: "o calendário das Celebrações Dionisíacas principalmente em Athenas geralmente compreende o período de Dezembro à Março do Calendário Julianio; neste sentido tais celebrações (Dionísia Rural, Lenaia e Anthésteria) representam o ciclo de morte e ressurgimento da vida vegetal". E Moerbeck explica assim: "o vinho tem papel particular nessas festas. É assaz importante relembrar que, a relação de Poder que envolve o mito de Dioniso em Atenas, mas também a própria produção das tragédias, está intimamente ligada ao fazer político, desde antes do período clássico". O vinho não é só um produto comercial, mas sim um mecanismo de intercâmbio entre a vida cultural e política das polieis, sendo a Religião e os Cultos Dionisíacos uma forma de representação dessa atmosfera.
Nesse sentido, o diferencial das Grandes Dionísias é que elas são, por assim dizer, uma criação dos cidadãos de Atenas. Uma festividade que se relaciona mais com o envolvimento do homem com o Deus Dioniso, do que ao Calendário Agrícola.
O festival tinha a duração de 6 dias, sendo esse período do dia 10 ao dia 15 do Mês de Elaphebolion (fins ou meados de Março, no Calendário Juliano), mas em geral começava-se com os preparativos bem antes, para assim possibilitar a montagem de cenários, contratação de atores, além do que, as obras a serem encenadas deviam submeter-se a uma espécie de conselho que avaliava sua viabilidade ou não; passando por esse conselho, iniciava-se os ensaios para as apresentações.
Durante o primeiro dia de celebrações, ocororria uma procissão ao começo da noite. A imagem de Dioniso era retirada do Templo no caminho para Eleuteros, onde eram feitos sacrifícios de touros e porcos (animais consagrados a Dionisio), e junto com a imagem do Deus Phallus coroado eram levadas em procissão e posteriormente era devolvida. Após a Pompé, um Komos (espécie de procissão desorganizada, marcada pela bebedeira, músicas e danças) era iniciada. Após essse primeiro dia de celebrações, acontecia a apresentação dos atores e dos coros, e nos dias seguintes eram realizadas as competições (agon), sendo o último dia reservado às premiações.
Dentro das celebrações contemporâneas, podemos adaptar o ritual de modo a realizarmos atividades relacionadas ao motivo maior. É esse o período em que Dioniso é honrado como o Libertador, o Criativo, a força que derruba uma forma pré-existente a fim de criar, renovar, reabilitar para o novo. É o trágico e o cômico mesclando-se e interrelacinando-se. Algo da estrutura original pode ser mantido, como a procissão e o sacrifício (neste caso, de simulacros) em casos de grandes e médios grupos, porém a situação de estar sozinho não exclui tal possibilidade. Além disso, pode-se fazer; visitar ao teatro e cinema, compor poemas, ler textos teatrais, fazer máscaras e consagrá-las aos grandes atores e ao próprio Dioniso.
0 comentários:
Postar um comentário